Nesta quarta-feira, dia 29 de novembro, um grupo de 30 alunos da Escola Estadual Professor Gabriel Ortiz, localizada no bairro de Vila Esperança, na zona leste de São Paulo, vai visitar as instalações do Tribunal Regional Federal da 3a Região, na Avenida Paulista. A atividade faz parte da segunda fase do projeto Juízes nas Escolas, iniciativa da AJUFESP (Associação dos Juízes Federais de São Paulo e Mato Grosso do Sul) lançado no final de 2015 e que chega ao segundo ano de existência com o objetivo de levar a alunos do ensino médio de escolas públicas noções de cidadania e informações sobre a Constituição Federal e o Poder Judiciário.
Durante a visita, os alunos vão conhecer o gabinete de dois desembargadores federais, Paulo Sérgio Domingues e Nino Oliveira Toldo, ambos da diretoria da AJUFESP, e participarão de uma palestra sobre o funcionamento e estrutura da Justiça Federal. O grupo estará na companhia da vice-presidente da entidade em São Paulo, juíza federal Isadora Segalla Afanasieff.
Na primeira parte do projeto, em setembro, os alunos do terceiro ano do ensino médio da escola participaram de um bate-papo na própria Gabriel Ortiz com o juiz federal Paulo Marcos Rodrigues de Almeida, diretor de Ações Sociais e Cidadania da AJUFESP. Como ponto de partida da conversa, os alunos foram provocados com a questão: ?Se você estivesse frente a frente com um juiz federal, o que perguntaria para ele??.
JUSTIÇA DEIXA DE SER INTRANSPONÍVEL
?Projetos como este quebram a ideia da Justiça intransponível e ajudam os alunos a fazerem conexões com o que aprendem em sala de aula?, explica o professor David Nelson Araújo Campos, 34 anos, sete dos quais lecionando sociologia na Escola Professor Gabriel Ortiz.
Segundo David Campos a primeira parte do projeto serviu para mostrar aos alunos que a Justiça é algo próximo e acessível. Ele afirma que o impacto do bate-papo com o dr. Paulo Almeida foi sentido de imediato na sala de aula e na forma de pensar de alguns estudantes que participaram do encontro. ?A alegria de ter uma Constituição nas mãos era visível. Uma aluna chegou a ler a que ela recebeu quase inteira no ônibus enquanto ia para casa?, lembra o professor.
Entre os 54 alunos da Escola Professor Gabriel Ortiz que participaram do encontro em setembro, duas, pelo menos, demonstraram interesse em estudar direito após o bate-papo com o diretor da AJUFESP.
Aline Ribeiro, do 3o C, e Julia Martins, do 3o Ano D, ambas com 17 anos, se sentiram entusiasmadas e desafiadas a tentar o ingresso na área.
?Foi muito bom ter a Constituição nas minhas mãos e sim, fez eu criar mais expectativas sobre o meu sonho que é seguir a carreira de direito?, revelou Julia Martins. A garota ficou impactada com uma frase dita durante a palestra: ?a gente cobra muito os nossos direitos, mas não cumprimos os nossos deveres?, repetiu.
?Com a Constituição na minha mão, eu tive o conceito de muitas leis, de muitas coisas e ajudou sim no meu sonho, porque eu quero trabalhar na área, mas eu tinha muita dúvida e ainda tenho, óbvio, mas ajudou pra caramba?, explicou Aline Ribeiro. A trajetória do dr. Paulo para chegar a ser juiz também deixou uma marca na lembrança da garota. ?Me chamou muito a atenção saber o esforço do dr. Paulo para se tornar juiz e isso foi muito marcante pra mim. Foi sensacional?, disse em depoimento gravado dias após a palestra na escola.
Para Mateus Xavier, do 3º ano A, de 17 anos, a palestra o ajudou a entender melhor o conteúdo de algumas matérias, principalmente, sociologia quando estudaram O Espírito das Leis, de Montesquieu. ?Na teoria ele [Monstesquieu] fala sobre o equilíbrio institucional e o juiz falou muito sobre isso. Ele fala sobre os Três Poderes serem independentes e interdependentes entre eles?, explica o aluno.
?Eu sonho que tudo que está na Constituição seja colocado em prática?, afirmou Evelyn Hellen, da mesma classe de Mateus e também com 17 anos. ?Sonho que aqui se realize, ao pé da letra?, diz.
A distribuição dos exemplares da Constituição Federal por meio do ?Projeto Juízes nas Escolas? é feita com o apoio e colaboração da Livraria do Supremo do STF (Supremo Tribunal Federal).
COMO PARTICIPAR
Antes da Gabriel Ortiz, outras três escolas paulistas e cerca de 150 estudantes participaram da iniciativa. Associados da AJUFESP e também juízes federais que quiserem participar do ?Projeto Juízes nas Escolas? basta entrar em contato com a Diretoria de Ações Sociais e Cidadania da entidade. As escolas interessadas podem enviar um e-mail para: administrativo@ajufesp.org.br.